Erivelton Costa
Mulheres que moram sozinhas e a quarentena
As mudanças de rotina, durante a quarentena, podem afetar mulheres que moram sozinhas. Estar em isolamento para estas mulheres, por conta da pandemia, pode significar evidenciar problemas que já acorrem em seus cotidianos. Ou trazer a tona diversos olhares comportamentais e psicológicos sobre a vivência deste grupo.
A psicóloga Katharina Pinheiro (CRP03/17187) avalia que uma das questões em volta de mulheres que moram sozinhas na quarentena é a solidão; um sentimento que a psicóloga entende possuir relações com aspectos de: conflitos familiares e abandono dos próprios sobre mulheres; traumas psicológicos e construções culturais. Traçar um paralelo com o passado desta mulher é também um dos conceitos essenciais para Katharina. "A possibilidade desta mulher, anteriormente a pandemia, estar acometida com algum sofrimento psíquico pode atenuar ainda mais o problema durante o isolamento, por o sentimento de estar sozinha ser mais severo", afirmou.
Umas destas mulheres que moram sozinhas é a jornalista Mayane Oliveira, mais conhecida como May Simpatia. Ela confirma que possui o sentimento de solidão desde antes da pandemia. E que este pensamento aumentou ainda mais durante a quarentena. Sendo que outro ponto bastante relevante para Maiane é a desvantagem financeira dela, enquanto mulher, em relação aos homens que também moram sozinhos neste período de isolamento. "A mulher que mora sozinha já tem uma certa dificuldade financeira; e neste período de isolamento, as despesas somente aumentam, porque não temos ninguém para dividir os gastos", relatou.
Porém, a psicóloga lembra que não se pode generalizar sobre o sentimento da solidão. Com isto, nem todas as mulheres que moram sozinhas vão possuir este pensamento, mesmo com a quarentena. Para a mesma, morar sozinha para algumas mulheres significa ter preferido esta opção; de estarem melhor e mais empoderadas desta forma. "Em uma construção social de que mulheres buscam valorização, para muitas delas, morarem sozinhas é um ato simbólico de evolução das mesmas", reforçou.
Em meio a tudo isto e tendo em vista que o aspecto psicológico é muito importante durante esta quarentena; a operadora de caixa, Idamara Oliveira, diz que busca realizar leituras, artesanatos, ouvir músicas e não ficar muito focada em noticiários negativos durante a pandemia. Isto tendo a ansiedade e insônia como seus inimigos, as vezes. Porém, ela diz sentir falta da mão de obra masculina em alguns momentos específicos. "Apesar de não me sentir solitária, não tenho como negar que morar sozinha me traz a desvantagem em não ter a força masculina para algumas tarefas de casa, que exigem maior força física", confessou.
Katharina ainda lembra que estar mais isolada para algumas mulheres pode significar o desencadeamento de: estresse, fobia, depressão, angústia e ansiedade. E que estes problemas podem ser combatidos com realizações de atividades físicas e meditação; e, também, pelo aproveitamento delas, em estarem mais sozinhas, para reflexões mais tranquilas e graduais sobre: mudanças do cotidiano, perspectivas de rotinas, objetivos gerais e ressignificados da vida.
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