O uso do Mounjaro (tirzepatida), medicamento indicado para diabetes tipo 2 e amplamente utilizado para perda de peso, passou a ser associado a relatos de diminuição da libido, especialmente entre pacientes jovens. O tema ganhou destaque nas últimas semanas em artigos científicos e discussões médicas, embora ainda não existam respostas conclusivas sobre a relação direta entre o medicamento e a queda do desejo sexual.
Segundo o cirurgião urologista Dr. Eduardo Cerqueira, os questionamentos são legítimos, mas precisam ser analisados com cautela. De acordo com o especialista, “ainda não há evidências científicas claras que confirmem uma relação direta entre o uso do Mounjaro e a perda de libido. O que temos são hipóteses em investigação”, afirma. Entre os fatores que podem estar envolvidos estão a perda de peso rápida, a redução significativa da ingestão de carboidratos, alterações no aporte de nutrientes e até a fadiga relatada por alguns pacientes nas primeiras semanas de uso do medicamento. O especialista também lembra que a restrição alimentar e o impacto metabólico também podem influenciar no interesse pela atividade sexual, já que energia, prazer e desejo estão interligados.
Outro ponto levantado pelos estudiosos é a possível interferência do medicamento nos circuitos de dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de recompensa e satisfação, tanto na alimentação quanto na sexualidade. “A dopamina tem papel central no prazer. Existe a hipótese de que o medicamento possa, temporariamente, alterar essa resposta no organismo, mas isso ainda está sendo estudado”, explica o urologista. Apesar das dúvidas, Dr. Eduardo Cerqueira reforça que, na maioria dos casos, os efeitos são transitórios. “Quando há alguma redução da libido, ela costuma ocorrer nas primeiras semanas após o início do tratamento. Com o ajuste da dose, após o alcance do objetivo da medicação e sua suspensão, a tendência é que tudo se normalize e o paciente volte a ter libido habitual”, destaca.
O especialista orienta que qualquer alteração percebida deve ser comunicada ao médico. “É fundamental buscar um profissional de confiança e relatar os sintomas ao endocrinologista ou urologista. O acompanhamento adequado é essencial para garantir segurança, bem-estar e qualidade de vida durante o tratamento”, conclui.
PorAscom
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