Erivelton Costa
Comerciantes, consumidores e a pandemia
A possibilidade do prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, reavaliar a volta do fechamento total do comércio está repercutindo entre os habitantes da Princesa do Sertão e cidades vizinhas.
Entre alguns comerciantes formais, vendedores ambulantes e consumidores estão aqueles que são contrários ao fechamento total do comércio. Para Cláudio Sales, por exemplo, que é dono de uma loja que lida com manutenção e acessórios para celulares, as lojas abaixo de 200 metros, como a dele, não formam tumultos; e o aumento de contaminação por covid-19 está ligado à aglomerações criadas em outros estabelecimentos; como nas agências bancárias.
O comerciante afirma que fica preocupado com o crescimento da disseminação do vírus; mas que não acredita na manutenção da abertura de parte do comércio; e que teme acabar vendo a concretização da volta do fechamento total dos estabelecimentos. "Se todas as lojas fecharem, eu não sei o que fazer; neste momento, torço para que esta ordem não aconteça novamente", confessou.
Já como vendedor ambulante de doces a vários anos, seu Manoel Ferreira diz que não consegue enxergar a falta de funcionamento integral das atividades comerciais como motivo suficiente para a diminuição de novos infectados. Para ele, o que frearia, de fato, o coronavírus seria uma fiscalização mais intensificada dos responsáveis; e uma maior conscientização das pessoas na importância do isolamento. Ele que é morador do bairro da Rua Nova, relata que o funcionamento e as aglomerações em bares do seu bairro são frequentes; e que até, por motivos como este, seria injusto e incoerente, uma suposta transferência de culpa para o comércio. "Ou todos, de fato, que puderem se isolam; ou não vai adiantar nada", colocou.
Já alguns consumidores que são contrários a parada total dos comerciários, conseguem, inclusive, serem sensíveis aos trabalhadores que dependem do funcionamento de lojas e departamentos para que não se tornem desempregados. É o caso do garçon Adenilson Cerqueira, que é um dos frequentadores da loja para celulares do Cláudio; o comerciante aqui citado anteriormente. E que sobre um possível perigo, a saúde pública que seu posicionamento possa representar, Adenilson acredita que medidas mais organizadas no combate ao vírus podem ser implementadas pelos comerciantes e consumidores.
Segundo pesquisadores do Instituto Federal da Bahia (Ifba), da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) e voluntários do CoronaVidas.net, Feira apresentou um crescimento de 105% no número de infectados no intervalo entre o dia 21 de abril (reabertura de algumas lojas) até 8 de Maio.
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