Entenda passo a passo da invasão aos prédios do Congresso, Planalto e STF neste domingo

 


Após uma aparente desmobilização na semana passada, com a posse de Lula e a viagem de Bolsonaro para os Estados Unidos, grupos de bolsonaristas radicais voltaram a convocar manifestantes, desta vez para se dirigir a Brasília, a fim de retomar os protestos contra o resultado das urnas nas últimas eleições. 

No ano passado, com a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, apoiadores do ex-presidente fecharam estradas e passaram a se reunir em frente a unidades militares pedindo a intervenção das Forças Armadas para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva tomasse posse. 

Os atos perduraram ao longo da transição. O escolhido por Lula para assumir o Ministério da Justiça, Flávio Dino, prometeu desmobilizar os acampamento logo na primeira semana de governo. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendia que a retirada dos manifestantes fosse feita de forma negociada, para evitar reações que pudessem resultar em violência. A mobilização, porém, perdeu força na última semana, dando indício do fim em diversas regiões.  

Neste fim de semana, mais de cem ônibus foram fretados, em diversas cidades do país, para levar os interessados a participar de novos atos na capital federal.

A mobilização ligou o alerta em Dino, que, no sábado, convocou reunião com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Na véspera, ele também autorizou a Força Nacional a agir para conter os manifestantes, mas o reforço na segurança não foi suficiente. Manifestantes furaram com facilidade bloqueios montados pela Polícia Militar do Distrito Federal, que foi acusada por Lula de ser leniente com os bolsonaristas.

Em meio a invasão, Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal, assumindo o controle da Polícia Militar do DF até o dia 31 de janeiro. Até a manhã desta segunda, mais de 300 pessoas foram presas em flagrante durante os atos e podem responder por atentado contra o Estado Democrático de Direito. Os homens serão levados para o Complexo da Papuda e as mulheres para a Colmeia, Penitenciária Feminina do DF. Além disso, pelo menos 1.200 pessoas foram detidas pela Polícia Federal em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, sendo levados para a sede da PF em cerca de 40 ônibus. 

Governadores de pelo menos três estados, Alagoas, Bahia e Pará, prometeram enviar tropas para reforçar a segurança em Brasília após a invasão. Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, disse que enviará 60 policiais do Batalhão de Choque em apoio ao Governo Federal. Na manhã desta segunda, desembarcaram em Brasília 70 policiais militares do Batalhão de Choque da Bahia enviados pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). 

O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um email para receber informações de pessoas que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do cargo por 90 dias, baseando-se no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, do qual é relator, ao analisar um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da Advocacia-Geral da União.

O ministro disse que os atos terroristas do domingo só podem ter tido a anuência do governo do DF, uma vez que os preparativos para a arruaça eram conhecidos. Entre os indícios apontados contra Ibaneis, segundo Moraes, estão:

- os terroristas e criminosos foram escoltados por viaturas da Polícia Militar do Distrito Federal até os locais dos crimes;

- não foi apresentada, pela Polícia Militar do Distrito Federal, a resistência exigida para a gravidade da situação, havendo notícia, inclusive, de abandono dos postos por parte de alguns policiais

- parte do efetivo deslocado para impedir a ocorrência de atos violentos não adotou as providências regulares próprias dos órgãos de segurança, tendo filmado, de forma jocosa e para entretenimento pessoal, os atos terroristas e criminosos

- Anderson Torres (secretário de segurança) foi exonerado do cargo no momento em que os atos terroristas ainda estavam ocorrendo

Com isso, a vice-governadora Celina Leão (PP) assumiu o governo do Distrito Federal. Ela tem 45 anos, é natural de Goiânia, em Goiás, e é administradora. A vice-governadora apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha de reeleição do ex-mandatário.

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